06 abril 2011

A rede...

 *Texto de Viviane Marques* perfeito...

 Menos indiretas pelo twitter ou facebook. Mais coragem boa de dar a cara para bater. Menos amigos no orkut. Mais botecos no final do expediente. Menos unfollows. Mais conversas sinceras, mesmo que “lavando roupa suja”. Menos photoshop. Mais sorrisos espontâneos em fotos surpresas. Menos agressão. Mais argumentação.

Sou de uma geração que vive uma verdadeira revolução na comunicação. A informação, sempre rápida e importante, assume papel essencial no desenvolvimento de qualquer atividade. Isso, agora, sai da esfera corporativa e adentra a pessoalidade. Informações, antes particulares, fazem as vezes da publicidade pessoal. Meninas com poses sensuais em fotos pessoais, desabafos que viram discussão em grupos, detalhes do cotidiano na página do twitter. A privacidade saiu de moda.

Como catalizador desse processo, surgem as redes sociais online. Desde que foram criadas, há pouco mais de dez anos (mais precisamente em 1997, com o site Six Degrees) as redes sociais evoluem para formatos cada vez mais dinâmicos. No entanto, a utilização destas ferramentas adquire uma forma que beira a minha preocupação. As redes podem e devem auxiliar no relacionamento interpessoal. Na verdade, enquanto estrutura, a sociedade sempre teve redes sociais, antes presenciais. No entanto, a internet possibilitou que a difusão rápida e acessível da informação sem a necessidade da presença física para tal.

Enquanto as redes online se apresentam como possibilidades de aproximação de pessoas, uma vez que diminuem as distâncias e tornam tudo mais rápido e fácil, o cenário que observo é o oposto. Um telefonema caloroso de “Feliz Aniversário”, é substituido pelo frio “Parabéns” na página do orkut. As saídas entre amigas para fofocar se tornaram conversas em grupo no msn. Eu poderia passar horas aqui descrevendo várias situações que ilustram o meu pensamento mas a minha constatação é uma só: As pessoas estão deixando que o contato virtual substitua o real.

Numa época em que até uma família virtual pode ser criada (e eu conheço um americano que faz parte do grupo que criou o “The Sims” – pode uma coisa dessas?) pessoas se escondem atrás da frieza de um teclado e fazem da tela à frente sua única companhia. O pior é observar que os comportamentos se alteram... Vivemos num mundo cor de rosa, onde as mulheres não tem celulite, os homens não sofrem disfunção erétil, não existe gente feia ou chata (vide páginas no facebook, orkut e twitter). Nunca pensei que fosse clamar pelo retorno do “culto à imperfeição”!

Faço questão de ser diferente nesse sentido. Tenho opinião e não tenho vergonha de mostrar. Tenho celulite (isso eu não faço tanta questão assim de mostrar) e sou capaz de fugir do perfil de pessoa sempre linda, ponderada, sensível e calma que pregam por aí. Pelo contrário. sou muito humana. Me aceito com meus defeitos tão meus e, por isso, tão especiais.

Quer saber? Eu gosto de gente! Gente que pensa, ri, chora, esperneia, sai do sério. Gente que fala o que pensa, que pensa besteira, que sabe falar e também ouvir. Gosto de cheiro, pele, beijo, abraço, conversas, voz no ouvido, gargalhadas intermináveis, choro, riso contido e tudo mais o que faz o calor humano algo tão gostoso...


“Quero mais careta no retrato. Quero mais folia no meu quarto...”

2 comentários:

  1. Obrigada por publicar meu texto.
    E obrigada pelo elogio.

    Bjs

    Viviane Marques

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  2. Eu que agradeço Viviane , tanto a leitura como a possilidade de compartilhar.

    Bj

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